Etéreo
Deixa estar… Palavras tem cheiro, cor, força. Gemem. Gritam. Pedem por uma existência. Exigentes. Querem ser além da matéria. Construções tolas, que sejam! Castelos de areia. Vento leva. Maré desmancha. Muralha das pedras do caminho. Inabalável. Sei lá! É preciso escrever. Costurar sentenças improváveis. Um remendo de tecido vivo. Transbordar o que já não cabe mais. Deixar ser o que pede para nascer com a face que vier. Crú ou temperado com pimenta demais. Doce. Azedo. Agudo. Pontada no peito. Alvo certeiro de um outro personagem. Essa palpitação. Inquietude. Vontade. Desejo. É pra abrir a alma, rasgar a carne e pôr para fora. Impuro. Imperfeito. Desequilibrado. Palavras na corda bamba. A magia está nessa benção de permitir que essas pequenas criaturas que afligem os dias cresçam, tomem forma. Ganhando vida própria a poesia segue plena para longe dos meus pensamentos insanos.
*Si*