Carta aberta ao amor
Eu não vi quando o amor partiu
Eu não vi quando o amor partiu, ele não bateu na porta anunciando saída,
não fez alarde ou gritaria, apenas deixou a caixa vazia, onde acreditei que o estava guardando.
Não sei dizer quando o amor se foi,
a caixa estava tão protegida, que até evitava tocá-la, com medo de a quebrar e ficar sem amor na vida.
Não me lembro qual forma o amor tinha quando partiu, deduzo contudo que estava pequeno,
o suficiente para passar pela fechadura da caixa que o tranquei.
Coitado do amor, deve ter sufocado até não mais crescer,
sem luz, ou contato...
Ah amor, seu eu soubesse,
que tê-lo requeria cuidado...
Eu o teria te dado,
teria te tocado,
teria mesmo amado...
Acho que esse era o problema, eu apenas queria te ter amor.
E crendo que tinha, te deixei num canto que nem te vi ao partir.
Que faço agora com a caixa torácica que costumava te guardar?
Como fecho o buraco da fechadura dos olhos por onde você escapou?
Se não mais reconheço sua forma, será que um dia te acho amor?
Ou vem você a minha procura? Como quando eu outrora me ocorreu, que nem te vi ao chegar?
Amor, seu bicho carente e rebelde, genioso... Tudo tem que ser no seu tempo. Vem quando queres, e quando queres também se vai.
Cabe a mim a espera de que venha, e estarei atenta, prometo amor, distraída pra sua chegada, mas atenta, do jeito que somente você entende.
Até uma próxima amor, se vieres tomaremos um café quando chegar, não falaremos da sua partida anterior, apenas apreciarei sua nova chegada, como quando amando bebi com você.