Palavras na Varanda
As minhas palavras apreciam a brisa
na varada da minha alma.
Na varanda da minha alma, passa um rio suave nele desliza a jangada da quietude. E ali também tem as flores de lavanda cobrindo o assoalho da jangada.
Na varanda da minha alma, tenho as minhas palavras, lá elas são aquecidas pelo Rei Sol. É na varanda também que recebem o banho de prata do Luar. Nas imersões do Sol e do Luar, as palavras conseguem flutuar na varanda e dançar com as flores soltas da cerejeira.
A caneta costuma despertar as palavras fazendo o contorno das sílabas. Na caligrafia o movimento da caneta é ágil com o tom vibrante das rosas vermelhas, tal qual uma espada quando flecha o ar. É como um batom delineando a boca das sílabas, para quando a hora for chegada, deslizar nas linhas da folha branca.
As minhas palavras estão como pássaros se colorindo voando na primavera. O tempo é o guardião da folha branca, lá onde o limiar das pupilas se dirige para uma pausa nas horas, para relaxar no perfume da indelével Poesia.
Agora, no simples agora, as minhas palavras apreciam a brisa e o perfume das cerejeiras na varanda da minha alma.