A vaca da minha Ex
“Filha do sul da banda. Negra linda. Quitute da terra. Kwhama de raiz. Herdeira
de todos os bois e cabritos. Entre todas as secas, somente nela encontrava a minha
nascente. Turva e limpa. Preto no branco. Acolhedora como a seca, e escassa como
a água. Olhar quietos e transparentes. Corpo forte e esbelto. Curvas de norte a
Sul, do mar a Este. Serra da Leba. Minhas Pedras Negras do Pungoandongo.
Minha Welwitchia no Namibe. Minha ilha de Luanda. Meu prato favorito,
saborosa como a Moamba. Minha fuba de bombó. Minha N´GOLA. Minha Cuca.
Minha Quissangua de rolão. Minha floresta do Mayombe. Minha Cascatas da
Huíla. Hilariante tanto quanto as Acácias Rubras. Eu te amei. Por ti até ao Cristo
Rei caminhei. Da minha colheita, todo milho te entreguei. Gritei, chorei e por
todo o campo o seu nome clamei. Com Kwanzas Hambúrguer para ti paguei.
Aproveitaste-te de mim, porque até os teus recursos na FAU paguei.
Ai, Minga tu não podias. Se já estavas pra me trair, pelo menos me avisarias.
Numa boa a gente terminaria. Eu te largaria como o vento. Na paz, te faria descer
do meu teto. Ai, Minga! Por quê? Mas, por que é que foste me trair com aquele
Arquitecto? Ai, Minga! Tu partiste o meu coração e o deitaste no deserto. Em Céu
aberto, no carro que eu te dei me traíste com o Arquitecto.
Ai, Minga! Porquê? Porquêêêê?
Referência: Cap 1, pag Rho, do livro "ALÉM DA UTOPIA" – © 2020, FDJ