EXISTÊNCIA INESGOTÁVEL

 

Deixo que invadas o meu campo de visão. Os olhos são a câmera que te explora. Descubro-te. Olho-te em ausência. É a razão que a tua imagem convoca que estimula a minha história. Dou-te vida. Olho-te e imagino. Pego nos fragmentos de um passado perdido no tempo e tento. Tento o preenchimento do vazio que a tua imagem espelha. Traço a história. Aquela que não existe. A que imagino. A que fala. Nessa fissura em que nos encontramos. Tu e eu. O imaginário faz a mediação. Entre o distante respirar no tempo e a realidade. Observo-te de longe. Retenho-te em mim. Por momentos. Te solto e olho-te enquanto te diluis por entre a multidão. Não quero falar-te, somente conhecer-te. Se o fizesse a tua pálida imagem esfumar-se-ia junto com o desejo de observar-te. Quero pensar apenas nas respostas inexistentes, impossíveis. Quero poder interrogar-te em silêncio. Na certeza de nunca saber as respostas. Só assim me possibilito personagem na tua história. Só assim te possibilito em existência inesgotável.