Ocaso
Aprendi que sou pôr do sol, com aqueles matizes lindos de rosa e dourado. Ocaso. Poente. Poesia. Ao cair da noite reconheço minha essência, claro como a luz do dia. Sou a transição quando o dia agitado apaga suas luzes, as de dentro se acendem. Tudo se prepara para o recomeço. Minha força, meu poder está aí. Em tudo que já foi, e nas possibilidades do que será. Nem sol, nem luar. O caos que precede a ordem. O vazio entre o ser e ainda não estar. Finitude. Sombra. Pra ser luz de outro dia. O momento mágico. De olhos vidrados no céu. Ali estou. Minha partícula divina, meu princípio. O ser mais puro. A essência soberana. Uma despedida. Essa ausência de sentidos, com todos os sentidos atentos. Um instante para uma outra estrada. São tantas possibilidades diante do nada. É só um respiro. Uma trégua. Logo tudo se agita novamente. Nos ciclos de todo dia eu espero o momento de sentir a energia limpa do poente. Hora de me reconhecer, dourada de sol, rosa da noite que vem chegando.
*Si*