Circense
Escrever. Malabares. Busca do equilíbrio na tênue corda bamba da existência. Salto aos céus de encontro a barra perfeita no balanço que me conduz para além dos meus abismos. Seja palco ou picadeiro. Palhaço ou poeta. Há que se matar a fome e a sede. De ser verso. Transmutar-me em orações. Transcender a mim. Mergulhar na velocidade de um globo mortal. Cigana. Vou me embora com a trupe. Tropeço. Leio as mãos. Rodopio nas saias. Saio da minha prisão. Estou na infância de novo. Medo e vontade juntos. Mesclados. Gostinho de sal. De mar. De lágrima. De suor. O tempo de todas as coisas. Cada coisa em seu momento. Escrever. Escavar rochas de memórias apagadas. Revelar os passos esquecidos. Lembrar-me que ainda estou por aqui. No presente. Nas dádivas de cada instante. Existindo letras. Traçando rotas. Espalhando pétalas pela floresta. Quem sabe assim eu possa encontrar o caminho de volta…
*Si*