O "nós" Que No Fim Foi Apenas "eu".
Adeus, amor! Bom, acho que já não devo te chamar mais assim. Eu penso nisso enquanto estou a me balançar, olhar para as grades do portão e notar uma estrela brilhando. Pena que a vejo sozinho, mas já que tive a confirmação de que não era pra mim, de que você também não é o meu ideal que eu mereço, realmente é melhor deixar ir. No outro dia acordo com a sensação de que se viesses até mim, a insatisfação tomaria de conta de nós e nossa calmaria que, em minha mente, se instalaria, desceria pelo ralo como a água da chuva escorre pelos bueiros sujos da cidade. O nosso "nós" se desfez sem nunca mesmo ter se construído. Laços cortados e lágrimas ao chão como se fosse sangue em um cenário de suicídio. O que, na verdade, foi realidade. Eu me entreguei a morte da maneira mais clichê e singela que alguém teria a oportunidade. Entreguei minha alma a aquele rapaz que não precisamente a matou e sim a prendeu em uma vala escura e acorrentou-a para que de lá nunca mais saísse. Logo após, a liberdade veio até mim de braços abertos para me desprender daquela cela, cela a qual eu não estava preso sem ao menos ter cometido um crime. Fui vítima de uma falsa esperança que destes ao simples ato de um abraço em uma manhã de terça-feira junta ao um leve sorriso fechado. Enfim, o "nós", que você não deu a oportunidade de construí-lo, agora se tornou o "eu". O eu que sempre foi sozinho e pensativo, mas agora evoluído! O eu que, em mais uma noite, se deita, olha pro céu e vê aquela mesma estrela e pensa: "talvez, se fosse pra ser meu, eu estaria abrindo mão de mim". No início, minha era o "nós", contudo, o que prevaleceu foi apenas o "eu".