A Melhor Versão

Portas cerradas. Ciclos fechados. Nenhuma janela aberta. Nenhuma fuga possível. Conviver com esse ritmo acelerado de mudanças tem sido bem difícil pra minha vida sempre esperançosa de estabilidade. Já não há outros caminhos. A vida vem, tira tudo do lugar e nos resta trabalhar a resiliência e a serenidade. Não há arrependimentos. Às vezes uma certa nostalgia. Um apego bobo. Quase sempre uma ideia insana que poderia ter sido diferente. Mas, sobretudo carrego a certeza de que aquele era o melhor caminho. Talvez a única estrada possível. Toda escolha envolve desapego. Na decisão de seguir em frente, sempre fica alguma coisa para trás. E, atravessando mais uma tempestade, eu escolho ver o sol. Me banhar de lua, sentir em mim o brilho das estrelas. Preciso reaprender a viver nessa nova etapa. Deixar ir o que eu não posso controlar. Mudar tudo que está ao meu alcance. Renascer de um outro abismo. É muito fácil vivenciar a cura no silêncio da minha alma. Difícil experimentar a cura revivendo as situações difíceis. Bom que o tempo tem sido um grande aliado. Hoje desperto mais rápido. As ilusões não duram tanto. Eu me desmorono na realidade. Sangro minhas dores. Me arrebento nas farpas dos meus cacos. E agradeço. Por meu abrigo, minha saúde, minha história. Honro a tudo que fiz para me tornar a mulher que eu sou hoje. Cultivo meu auto amor. E agora entendo nitidamente, o que eu pensava ter sido um grande passo para trás, foi novamente o impulso necessário para seguir adiante e retomar meu processo de autoconhecimento e autocura. Depois do abismo, cruzo a ponte e me reencontro. Inteira. Viva. Forte. Novas escolhas. Novos rumos. A vida é outra; eu ainda sou a minha melhor versão!

*Si*