A Barba do Bárbaro
Há um tempo em que a barba é a inveja da alheia.
E, logo, vem da barba o tempo de espera.
De repente, ei-los, indícios da suprema surpresa.
Já, já, chegam: as espinhas, os capuchos, os pentelhos.
Então, sobrevém da barba, longa amizade com o espelho.
Quando Narciso se dá conta, já não é Apolo:
É fauno barbudo, encalço, rebanho de gazelas,
Mas, homem, é tão somente neófito de guerreiro.
Um dia, de fato, pronto está o bruto,
O bravo bárbaro em laivos de empestar a brisa:
Odores de adrenalina, músculos e almíscares.
Glândulas, pra que te quero e, se barba já é estorvo,
E cangas sobre os ombros, sustentos, lavores, filhos…
Cotidiano ritual de amadurecer, a barba, agora, é despojo.
Autor: Chico Sant'Anna, Brasília-DF.