Arrebatamento

Foi num rompante de tanta loucura, até parecia um porre de lucidez. Ela rompeu. Grades. Dores. Padrões. Expectativas. Sonhos. Deixou o amor para trás e seguiu em busca da verdade. Em sua alma habitava um desejo intenso de despertar. Uma faísca de felicidade brilhava e pedia para crescer. Ela pegou uma estrada de terra lavada, diversos barrancos caídos pelo caminho, e seguiu determinada rumo a um desconhecido destino. Não levava nada além de um coração ferido. Tudo parecia vazio, tudo era um tanto confuso. Algumas pausas ainda seriam necessárias. Lágrimas iriam irrigar os novos campos. Ela queria florescer. A partir do deserto. Do caos de nada mais existir.

Foi num instante. O Amor invadiu todos os poros. Inesperado. Improvável. Ela já não conhecia outro lugar senão naquele abraço. Seu coração cansado encontrou abrigo. Um sorriso aberto brotou de seus lábios. A vida iluminou-se. E ela aprendeu que o amor pode ser intenso e cuidadoso. Perigo e penhasco. Abismo e paz. Silêncio e sustos. Ela aprendeu tantas outras formas de amar. Se entregou e mergulhou na insana melodia dos dias felizes.

Foi numa manhã de sol. O último abraço. Os últimos beijos. Ele partiu. Ela estilhaçou. Mil pedaços de coração. Sangue e lágrimas. O céu cinza ganhou nuvens pesadas. E ela não conseguia ser chuva. Lágrimas trancadas num poço escuro de dor. Ela já não lembrava mais que outros caminhos seguir.

Era uma noite de primavera. Lua cheia. Em volta de uma fogueira ela despertou. Tambores. Perfume de flores. Estrelas por toda parte. A cura estava ali. Lavadas estradas de terra. Ela retomou seus caminhos. Redescobriu sua força ainda maior. Braços abertos saudando o sol. Bem vinda!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 02/11/2023
Código do texto: T7922949
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