A cidade dourada
Um peregrino, longe de sua terra, depara-se com uma cidade; uma bela cidade. Emoldurada com ouro e prata, seus muros recheados de pérolas e soldados; sua luz brilha em meio as trevas daquela densa e fria noite. Ao chegar naquele portão gigantesco e esbelto, homens trajados com o mais caro linho o recebe. "Entre, entre, não irá se arrepender! Ó Peregrino" Eles dizem. "Aqui não há tristeza! Aqui não há dor! Venha e tome deste banquete! Somente vá até a casa da Rainha!" Eles dizem. São tantas vozes que O Peregrino acredita. Entrando pelas ruas, é tomado por um forte pressentimento: A morte. Mas já começara se perder naquelas ruas tortuosas sem sinalização." Mas tudo está tão belo! Há tantas luzes!" Dizia sua consciência. E O cansado [Peregrino] acredita. Já se esqueceu totalmente de onde veio. A cada paço que dá em direção ao palácio daquela Rainha, O cansado cada vez mais se encanta com aquele lugar: aplausos e aplausos, luzes e luzes. "O show e as luzes nunca podem acabar"; respondeu um morador. Mas havia um porém: a morte. Mas, quando chegou a presença da Mulher, logo se esqueceu novamente. Então ela logo começou a aplaudi-lo; "Como você é astuto, ó cansado, tome essa e essa posse!". O cansado logo aceitou; quem recusaria uma boa oferta? Pobre coitado, já não era o peregrino que fora outrora: "Tudo tem seu tempo!" Dizia Cansado. Depois, já não lembrava do que era viver com a luz das estrelas, na simplicidade; não aguentava mais não ter as luzes apontada para ele. Esqueceu-se do silêncio, os aplausos eram mais empolgantes, não podia não ter uma boa plateia. A peregrinação tornou-se enfadonha; a mesa é palco, e a Rainha continua reinando.