Uma tarde chuvosa
Uma sala, pequena e aconchegante. Nela há reunido todas boas lembraças que se faz no caminho. Mas, não há ninguém, a não ser uma pessoa dormindo. Está final de tarde num inverno chuvoso, com uma brisa suave e fria. Todos se foram. No quadro de avisos, os lembretes interligados por um fio de barbante escarlate nos contam uma história, uma aventura, uma festa. Nessas aventuras de verão, todos são amigos e tudo acaba bem, mas isso já passou. Virou somente um sino que ressoa. As anotações em cima da mesa central, está recheada de deveres incompletos, trabalhos atrasados e provas para serem corrigidas, tudo esta jogado e inacabado; já passou também. A lampada antiga do teto já não ilumina tanto quanto antes; seu tempo já passou. E as pessoas que se foram durante o dia, levadas pelos seus próprios compromissos e interesses, foram para suas casas buscando sempre coisas maiores e melhores. Aquela pequena sala já não era o suficiente para aqueles corações; mas não importa. Eles não estão mais aqui, já passaram. Os pingos que escorrem nas janelas revelam a verdadeira melancolia: a água leva tudo ao redor, não deixando nada para atrás a não ser um pequeno e trivial rastro. O homem se lembra de todos os momentos daquele dia e de tudo que se passou naquele ano, estamos no final dele, no último dia de aula, na realidade. Foram as últimas conversas que tiveram, as últimas risadas, os últimos trocadilhos. A chuva tudo levou. Levou as memórias e aqueles que a fizeram, a chuva que deveria parar não para; a chuva continua chovendo e chovendo; inexorável. O som dos pingos batendo no teto revelam a melancolia de uma chuva que não tem fim. Sozinho, ele espera que alguém o acorde dessa sonolência que é uma tarde chuvosa e fria, ele espera alguém para parar a chuva: uma espécie de Sol, mas um diferente do normal: um Sol que não põe.