Ouça este lugar - Meu refúgio

 

 

 

 

Ouça este silêncio, meu amor,

Que dentro dele vou me, languidamente, formando...

Os braços que  me envolvem neste vazio tem mais amor

Do que as almas e as vozes que me buscam bramando... 

 

Ah... Aqui sou viva!

Na paz perfumada dos Livros que tantos já se esqueceram...

No tato da folha esvanecida por qual muitos já percorreram.

 

Estou em casa, porém não há quem saiba o meu nome.

Se poucos me notarem entre a mobília

Estupefatos constatarão: "És viva, mas não tem cede nem fome."

 

Foi aqui, anjo meu, onde me escondi

das árduas chamas da juventude...

Fugi de casa e tive abrigo tão somente

na solitude.

 

O ecoar dessas paredes não me assombram de modo algum!

Sinto a astúcia impetuosa do saber sussurrando dentre os livros...

"Vens comigo, sejamos um!"

 

E neste pátio vermelho-gasto que pressionamos com os pés,

É d'onde vi dançarem as melancólias damas, 

saltando livro a livro em piruetas, ballets...

 

Tens-me por louca? Eu bem o sei!

Foi na insanidade de meus bucólicos poetas que por dias

me embreaguei.

 

Oh não, mas não traí a ninguém o amor.

Guardei na inocência platônica os versos lindos

de meu doce rubor...

 

Vem! Aqui me vês por completo.

Aqui serei quem de fato sou!

Sem o desconforto da normalidade, haverá em meu semblante

Tranquilidades, suspiros e esplendor!

 

Sabendo, agora, do meu segredo,

Ousarei, na simplicidade de minha audácia, pedir-te...

Se me encontrares vagando perdida no tempo, 

Me pegue nas mãos, me envolva em teus braços e me traga de volta

ao Refúgio que lhe mostrei...

Pois virão Cecília, Azevedo e Andrade

me mostrando o caminho que antes deixei.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jéssica S Rosa
Enviado por Jéssica S Rosa em 28/10/2023
Reeditado em 12/06/2024
Código do texto: T7919198
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