Impermanência

Dias de leveza. Dias do avesso. Dias mornos, arrastados. Dias alegres, lépidos. Dias de preguiça. Dias de produtividade. Dias de silêncio. Dias de poesia. Fluir na impermanência. Dançar nos bailes que o universo traz. Aprender que temos ciclos. Somos estações. Flores na primavera. Sol de outono. Chá no inverno. Azul de verão. Tudo mudou quando desconstruí aquilo que chamava "meu mundo". Cruzei as fronteiras da zona de conforto. Me lancei ao abismo sem nenhuma rede de proteção. De lá pra cá aprendi a desapegar. Ser folha ao vento. Barco ao mar. As mudanças ganharam velocidade. Passei a dar nome aos dias, reconhecendo o encanto e a bênção de cada um. Não posso apagar o meu passado. Pegadas marcadas nas areias do tempo. Seria um desejo mágico. Mas, eu preciso fazer o caminho de volta, às vezes. Só assim vejo o tanto que cresci. O quanto aprendi nessa efemeridade dos dias. Na dança sagrada das novas vidas. De tantos renascimentos e descobertas. Há dias tenho sido silêncio, mas a poesia sempre me vence, as palavras gritam. Sementes insistem em florescer no meu jardim. Ainda que tudo seja apenas sombra. Elas buscam a luz. Dizem que quando a mente se abre nunca mais voltará ao seu tamanho original. Deve ser por isso que, mesmo quando minha alma deseja se encolher, algo se agiganta na minha escuridão e me faz lembrar o quanto eu conquistei e o longo caminho a me esperar para além do infinito!

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*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 26/10/2023
Código do texto: T7917448
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