Descartes

Revolvi os armários e gavetas...

Até pano de prato foi pra cesta...

Toalhas manchadas tiveram seu destino,

E roupas usadas, guardadas, saíram do esconderijo...

Dentro daquele sossego pratiquei o desapego...

Fui largando malas e sacolas...

Não eram esmolas, nem coisas velhas,

Não faziam sentido, no entanto, tê-las

Não mais me significavam...

Fizeram-se outros fins e afins...

Perfumes antigos, frascos vazios

Recordavam-me nada...

Retratos, pôsteres de falsos risos,

Joguei fora, tudo no lixo...

Assim, de andança em andança,

Renovei minhas lembranças,

Cultivei novos valores,

Apostei gentis amores,

Amanheci...

Liberta de tudo que me prendia a um passado sombrio, recheado de regras e intermitente vazio, dei vazão às sensatas regras do meu coração...

Caminhei soberana na areia, pés descalços, corpo nu, cabelos ao vento, tatuagem no ventre, olhar no firmamento... Pensamento em desalinho...

Um risinho fresco...

Os dentes estavam perfeitos

Então, podia sorrir...

@bmha

22/10 /2023

Bárbara Hupsel
Enviado por Bárbara Hupsel em 23/10/2023
Reeditado em 24/10/2023
Código do texto: T7915380
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