Identidade
Escrever. Essa arte insana de dar voz ao silêncio que grita dentro de mim. Envio as respostas que não dou ao longo do tempo. Mostro aquilo que guardo a sete chaves. Vou além dos mares revoltos que me habitam. E volto ao vazio de conduzir a vida do jeito possível. Nada é além do exercício da alma que incomoda com as palavras insistentes. Não quero ser poeta. Não quero me exibir como uma fantasia de falsas pérolas de um baile qualquer. Minha dança não pode ser conduzida. Do alto da torre desfaço as tranças pra me lançar no abismo. Nada de cavalo branco. Sou apenas a poeira das areias do tempo que já não existe mais. Escrevo. E assim me reconheço. Não preciso ser reconhecida. Sei que você mal entende quando me lê, um elogio, uma palavra, um like. Só isso, nada sincero, ato automático talvez. Não quero fazer sentido. No fundo tudo parece meio raso. Um tanto óbvio. Mas, há um horizonte depois do deserto. Eu não me importo, ou talvez me importe, sei lá. Escrevo por mim. Parece egoísmo ou arrogância. Uma grande mentira. É mesmo difícil explicar quando se busca ir além de si mesmo. Sem pressa. Sem competição. Escrever. A trilha íngreme do reencontro com o self. Sigamos assim, sem as etiquetas de identificação. Malas prontas, vamos viajar!
*Si*