Sonhei Com Um Mestre
Na casa de mamãe, neste final de semana, sonhei com o mestre.
Recebi um presente.
Que estava a estudar num outro plano. Que andava, como há doze anos atrás.
O professor, contemporâneo, falecido há mais de cinco anos.
A sala de aula era conhecida, tinha a sensação de que frequentava há tempo, mobília e arquitetura como das universidades americanas.
Ao final da aula, foi comunicado pelo professor, que iríamos fazer uma visita a uma família numa província, que era estudo de campo.
Terminada a aula, dirigimos ao ônibus, entramos, nos acomodamos nos assentos.
A paisagem ia se revelando por entre rochedos, e pirambeiras, até que sentí, pela janela, a brisa do mar.
As Cores das rochas, claras, do mesmo tom do chão arenoso.
Apeamos, não via rostos, somente alguns relance lateralizados dos presentes, com exceção, a nitidez do rosto do mestre, que nos acompanhava, gestando o passeio com olhar amiúde.
Pequenino, franzino, mas gigante na presença onipenetrante, mistura de humildade, saber, sobriedade, vivência, e ensino sem palavras.
A casa, construção provinciana, numa mistura de casa portuguesa e sulista do país.
Quando uma senhora se aproximava do grupo, o professor disse:
--- Esta é a proprietária da casa. Quando nasceu, o pai, ao vê-la, de emocionado, foi acometido de um enfarto, e faleceu.
Momento em que a mulher chega, comprimentou a todos, feliz com nossa presença.
Depois de uma breve conversa, o mestre pediu para que ela fizesse um exame nos presentes com um aparelho, que eu não soube o nome, e o que media .
Quando foi minha vez, me aproximei, e ela começou me auscutar. O medidor parecia aparelho médico que auscuta o coração.
Começou cochicar ao professor que estava tendo dificuldade de me medir na região do tornozelo do braço direito.
Ocasião em que me adiantei e disse:
-----no outro plano, estou dependente de cadeira de rodas, pode ser porque uso muito os braços para movimentar as rodas da cadeira.
Depois de alguma conversa a mais, acordei, como que saindo de uma dimensão profunda de sono. Arrastei as pernas, sentei a beira da cama. Tomei fôlego, levantei lentamente, medindo os passos, escorei na cadeira de rodas, e sentei nela.
Comecei um dia diferente.
Havia sonhado com um mestre adiantado no caminho.