Picadeiro
Esse é o meu dom. Minha arte é circense. Escrevo porque preciso de um caminho de fuga. O mesmo caminho que me conduz a mim. Nas palavras me reconheço e refaço minha conexão com o sagrado. É tudo amador. Não desejo aplausos. Não quero a forma perfeita. Nem a rima rica. Nem os versos decassílabos. Sou de circo. Minha alma cigana pega a estrada de poesia e segue rumo ao onírico. Escrevo porque sobrevivo assim. Um dia de cada vez. Versos ao vento. Pés descalços. Vestido longo. Não tenho compromisso, nem com a verdade, nem com o mundo líquido, nem com os falsos felizes que caminham vagos e vazios. Sou meu guia. Meu coração é o meu mestre. E escrevo. Comprometida com o que mora em mim. Espelhando a autenticidade que me faz tão estranhamente única. Já não importa se isso tudo é prosa, porre, poesia, surto, conto, delírio, crônica ou dor. Tenho um objetivo nítido. Preciso me salvar. Longe das palavras eu sou abismo. Corro o risco de ficar normal e nunca mais voltar.
*Si*