Silenciando a mão de cinzel
Sei que ainda consigo deixar cair algumas gotas poéticas nos solos áridos e inférteis de meus pergaminhos do tempo... Mas, aos poucos vou me calando... Quando o poeta se deixa abater no espírito pelas injustiças que lhe ferem, pela crueldade que lhe causa asco, é muito difícil erguer a mão de cinzel para pintar alegria e regozijo como sugere a voz de luz e paz. Agora vivo, longe de todos, nos interstícios de horas boas, ruins e horas extremamente difíceis (onde a dor bate de frente na onda hercúlea e aniquila as forças da alma)... E... aos poucos vou calando. Sei que preciso, porque não há alma que se importe em ouvir tristezas e lágrimas... Por isso, não perguntam... Não compreendem a dor de sentir-se injustiçada e humilhada por suas próprias decisões... não, não há como compreender o que nunca se viveu... Sei que ainda tenho conseguido deixar cair algumas gotas poéticas nos solos áridos e inférteis de meus pergaminhos do tempo... Mas, aos poucos vou me calando... silenciando as mãos de cinzel...