Rebeldia
Hoje desalinhei o meu cabelo
Sempre tão, impecavelmente, alinhado
Borrei o meu batom no espelho
Desarrumei todos os meus arrumados
Eu baguncei a minha rotina organizada
Extrapolei os meus horários ociosos
E amei o ócio
Como quem ama seu amante pela primeira vez
Escrevi poesias instigantes nas paredes da minha casa
Cantei num desafinado apaixonante
Eu fiz calar os ruídos que me diminuíam
E meus pés desejaram ser descalços
Reguei minhas plantas artificiais
Sem expectativas
Quebrei regras patéticas
Li todos os livros da minha estante
Vivi todos os romances
E saí da linha
Pra sempre ou por um instante
Cansei de caminhos lineares entediantes
Troquei as coisas de lugar
E dei lugar às novas coisas
Abri, de lés a lés, a janela
Eu olhei, audaciosamente, nos olhos do sol
Cálida, como quem brilha mais
Quando, genuinamente, sorri
Às vezes um pouco de caos é paz.
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LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.