Sonho...

Queria que a minha existência se significasse em asas. Que eu pudesse voar desaparecendo em sonhos, divagando em horizontes abençoados de infância. Queria a consistência da fantasia funcionando para Céu, de maneira que eu flutuasse como figuras de Chagall. Queria que todos os meus compromissos estivessem acima das árvores, permitindo-me trespassar o verde, dentro dos meus deslimites, dentro dos deslimites do espaço, de maneira que tudo evolasse imaginação, tudo evolasse delírio. Queria dançar no ritmo das pinceladas de Van Gogh,.. Presumo que o moto de viajar esses desconformes é se inquietar da normalidade do lugar comum. É necessário curar-se da normalidade e adoecer o pensar. Doente, molestaria o escrever e tudo se obteria nessa aparente loucura, inclusive os infinitos do mundo real e do mundo verbal. Creio que devo começar esse encanto me transcendendo em natureza; primeiro em árvores, pois elas são poesias que rebentaram do ventre do chão, saíram dos alfarrábios de Deus e se plantaram em alguns de mim. Muitas vezes alucino-me de árvore, divago de bicho silvestre, divinizo-me de águas, molhado de ventos, esturrado de floresta. Pretendo seguir tinguijando as normalidades ameaçadoras dessa doença. Ser uma viagem infinita de natureza, por isso tenho parte com a terra. Já avisei que quando me chegar o final não me guardassem numa caixa. Não quero sujar o solo. Quero desaparecer aparecendo no formato de tudo o que me significou...

Luís Carlos Freire
Enviado por Luís Carlos Freire em 10/10/2023
Código do texto: T7905676
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