Salvação
Essa busca insana por palavras vivas, cores intensas, novas estradas. Atravessando meus desertos sempre há o conflito de seguir em frente em busca do oásis, ou me deixar consumir pela areia. E encontro o nada. Pleno vazio de mim. Onde a poesia se torna poeira e o vendaval tira tudo do lugar. Há tempos esqueci dessa leveza de caminhar a passos calmos com a serenidade no coração. Não sei onde deixei minha força. Ando cansada. Consumida por fantasmas. Queimando os pés nas escaldantes areias dos desertos que criei. E já não há modo algum de renascer o dom. É nesse vácuo que se fará um outro universo. Navegando em tempestades de areia preciso cultivar a fé em novos tempos. Não ser e nem saber estar, permitindo que se molde o desconhecido e renasça outra pessoa. O exercício de infinita paciência para atravessar tudo isso sem saber o que restará para além das montanhas. Poesia para salvar. Poesia para evoluir. Poesia para nortear os dias difíceis. Mas, como existir poesia se ela faz parte de tudo que eu preciso deixar ir?
*Si