Textos da Pandemia #5
Ando tão à flor da pele que sou capaz de chorar lendo a receita de uma torta de frango. Não tem nada a ver com tristeza ou emoções transbordando. É um arrepio da alma com fome de vida. É um cansaço de estar reclusa. Quero ar. Quero conexões com o Universo. Minha escolha foi essa. A casa. O refúgio. A proteção. O mundo externo adoeceu. Eu sou grata por estar viva e saudável. O corpo. A matéria. A alma segue confusa querendo voar. O coração apertado de tantas lembranças de uma vida que parecia tão normal. A mente se reconhece frágil e impotente. A vida é um sopro. Um instante e tudo pode mudar. Sei que estou no melhor agora. Privilégios à parte, enlouquecer é para qualquer um. O ócio pode ser criativo ou projetar uma desordem interna. Uma ultra sensibilidade cresce no cotidiano. E as lágrimas brotam, provocam espasmos em situações inusitadas. O bom de trilhar a estrada espinhosa do autoconhecimento é chegar num momento crítico com a fé inabalável de sol para além das muralhas. Sempre vou encontrar o caminho de volta ao lar!
*Si*