Trilogia ‘’Fotografias Perdidas’’ — I.
As memórias fantasmagóricas da minha consciência passageira morreram. Foram mutiladas brutalmente de mim, e isso, já não me importa! Os álbuns de família que eu gostava de deleitar meus choros sobre eles foram esmagados nos cardumes do lixo. Por agitação e desespero em repaginar a casa, acidentalmente eles descartaram as fotos. Eu deveria estar triste, mas a letargia da imaginação poética fala mais alto. Uma sensação como nenhuma outra hipnotiza as entranhas do corpo. É como se eu pudesse sentir raiva, amor e apatia simultâneas.
Ressignificarei as lembranças perdidas, não importam fragmentos pitagóricos de instantes belos, e sim as sensações deles, até sendo irreais. Doei-me à imaginação como substância, nada nesta existência importa a não ser coisas as quais nunca existiram. Vivo entre os emaranhados de enredos criados na minha mente paisagística; saúdo os momentos únicos não meus, só os possíveis. Sou uma sombra fragmentada sobre todas as eras.