Na proa

É o fim. Encerro aqui um longo ciclo de autopunição. Soltei os dentes da armadilha. Já sei o que fazer com o que sobrou de mim. A resposta é um tanto óbvia: amor, amor, amor. Amorosidade para minhas faltas graves. Amorosidade para as escolhas difíceis. Amorosidade para meu desamor. Não há perdão sem amor. Um coração limpo requer indulgência. Preciso ser generosa com meus deslizes. Sob o candeeiro da compreensão, o processo agora é outro: uma construção carinhosa feita com as areias do fundo do poço. Colar minuciosamente os caquinhos. Celebrar cada pequena conquista. Chegou o momento de sair pra ver o sol. Inspirar os aromas do mundo. Ir além das fronteiras seguras. Não há mais espaço para escuridão. Nem lamentações sem fim. Sou o que sou. Partilho o que tenho. Nada mais posso exigir além daquilo que alcanço. Um abraço sela a paz comigo mesma. Um olhar carinhoso para tudo que passou. Uma despedida feliz por tanto aprendizado. Hora de deixar o conforto da caverna, e me lançar ao mar!

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 03/10/2023
Código do texto: T7900089
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