Amor platônico
No fundo das minhas entranhas, emergiu um amor platônico que me consumiu por anos a fio. A cada madrugada solitária, desejei ardentemente sentir o seu toque, ansiei por ouvir o som suave da sua voz sussurrando melodias no meu ouvido. Sonhei desperta, envolta numa ilusão, imaginando o sabor dos seus beijos. Mas a ilusão, como todas, tem seu fim.
A hora chegou de despertar, de desfazer os nós que aprisionaram meu coração em amarras de desejo incessante. É tempo de enxergar os limites, de perceber o que é sonho e o que é impossível. Os olhos buscam novos caminhos, abertos para a grandiosidade que reside em tudo e em todos ao nosso redor.
Estou desistindo de você, deixando para trás as fantasias que me mantinham cativa na teia do impossível. Porém, não me cabe tristeza ou amargura. Você sempre será a parte mais bela e profunda de mim. Levarei com carinho este sentimento secreto, um tesouro guardado no âmago do peito.
Nunca lhe disse, mas um dia eu amei você intensamente. Foi uma paixão que transcendeu o tempo e as distâncias, cresceu numa dimensão inalcançável. Mas agora, seguindo em frente, aceito que o amor nem sempre se concretiza, que nem todas as histórias têm finais felizes. E está tudo bem, porque esse amor platônico, mesmo sem reciprocidade, moldou a minha alma, tornou-me quem sou.
Despedir-se de um sonho é abrir espaço para novas possibilidades, para novos amores que florescerão em outras estações. Meu coração está aberto para o desconhecido, pronto para descobrir o amor que me espera além do horizonte. Enquanto isso, guardo você com ternura em uma gaveta secreta da memória, como um capítulo valioso de uma história inacabada.
Assim, avanço com a esperança em minhas asas, deixando para trás o que poderia ter sido, aceitando o que é. O amor platônico pode não ter encontrado sua resolução, mas ele existiu, pulsa em minhas veias e faz parte da minha essência. A paixão que ardeu dentro de mim deixará suas marcas, e, quem sabe, um dia encontrarei alguém que esteja disposto a escrever comigo uma nova história de amor, desta vez, nos braços do real.