Mar revolto da vida
Nesse mar profundo que é a vida, mergulhei de cabeça. Enfrentei as correntezas com fortes braçadas... os ventos esvoaçavam os meus cabelos, deixavam o mar agitado... as águas nem sempre foram amistosas, e eu precisava encontrar sintonia perfeita, a fim de não afogar-me. Precisei mirar longe, com meu binóculo da intuição, desvencilhar-me das âncoras... colocadas estrategica(mente) como armadilhas... unicamente para que eu não avistasse o horizonte que se desnudava à minha frente. Teve vezes que mais seguro para mim, foi atracar em meu próprio cais... ao invés de enfrentar a violência de um mar revolto, com ondas imensas e com sede de vida...
O mar em estado de ressaca, lançava brumas que embaçavam meu campo de visão; a maresia não corroeu minhas engrenagens... nada fora oxidado... embora mais à frente, foi transformado... nela, lancei-me de peito aberto, orientada pela bússola da coragem; até que cheguei em terras firmes... firmei meus pés, ergui minha cabeça ao alto em sinal de gratidão. O sol a iluminar meus caminhos... hoje, contemplando um porto seguro, não desmereço a imponência do mar... fico descalça, me aproximo, com águas pelas canelas... fecho meus olhos e sinto as ondas lamberem minha tez impregnada de sal... absorta nas reminiscências de outrora, concluo: até que sou uma boa marinheira, nunca subestmei às forças misteriosas que regem o mar... aprendi a nadar... e de quebra, a me aMAR... sem abrir mão do colete de salva vidas, salvei-me... por diversas vezes.