NUNCA VAZIO

NUNCA VAZIO

Que pensava eu? No meu mundo vazio, enquanto lá fora tudo seguia seu curso, passarinhos sacudindo suas asas ainda molhadas, o reflexo do sol cortando folhas de uma arvore por seus raios de fogo. Amanhecendo o dia, qual nada, olhando por cima, divagando-me, sob os pensamentos silentes da minha alma desperta ao início do dia. Do nada! Que responder? Que perguntar? Se perguntar, se responder, se nenhuma das duas sequer manifestara. O sol saindo das nuvens, já brilhando no horizonte, contudo, parecendo não dizer nada; O cheiro do café exalando por toda a casa e já se fazendo pronto, contudo, sem despertar o apetite de um sonhador; A mente parecendo estar despida de qualquer pensamento. Simplesmente despida de tudo, num tremendo vazio. Entremeio ao nada, começava a sentir uma vontade de quem desejava encontrar palavras e fazer poesia, descrever esse momento tão desprovido. Na verdade, o vazio até parece bom, me pareço mais disponível, além de qualquer conjectura, sem compromisso de ter que responder, ou mesmo fazer perguntas. Me permito ser levado além do tempo, enquanto ao fundo a música tranquila e calma parece embalar a alma, revigorar o espírito, única companheira, ela que no repente é percebida, ofertando o seu manto a encobrir o corpo moribundo deixado ao relento. Descansa minha alma, haja paz ao coração, seja agradecido, não se deixe confundir: porventura não seria fruto de uma escondida paixão? Mas paixão pelo quê? No vazio não há paixão. Pelo vento, mas parecendo ser bom, sem nada a pensar, mas desejando explicação. Não estando sabendo onde ser levado, apenas sombreando o coração, projetando na alma consternada o desejo de paz. Parecendo tão belo, mas ao mesmo tempo tão irreal. Alma sentida, quem sabe, talvez, apaixonada pela semeadura da vida, pelas experiências vividas, e tantas outras guardadas ainda não conhecidas. Pensando bem, não se pode chamar isto de vazio. Quem sabe, se não, de os segredos da alma - quando, por encontrar espaço poder fazer brotar no emaranhado universo do coração - o amor não revelado, a paixão embotada. Meu bom Espírito Santo! Não era vazio, nós apenas conversávamos a sós num bom momento da vida em que me deixei ser coberto por seu manto macio na leveza da brisa soprada pelo vento, distribuindo serenidade e vida. A música parou dando lugar ao espírito que, silente transcende ao tempo, esquecido do corpo carente, parecendo flutuar, sendo levado pelas ondas do Espírito Santo. Dele não tendo como fugir, pois que a tudo vê, mesmo quando tento me esconder de mim mesmo, descubro que jamais estarei sozinho. Somente Ele é capaz de responder os momentos os reclamos da minha alma. Nunca vazio!