O Desafio da Prosa

Hoje decidi desafiar minha criatividade, sair um pouco do personagem, aquele que cria poesia, resolvi por um instante deixar de ser poeta. Não que a poesia tenha me entediado, ou que a fonte fecunda dos versos que flutuam em minha mente não estejam presentes.

Resolvi, apenas hoje, trocar a poesia pela prosa. É difícil, agora sei, deixar de colocar poesia mesmo na prosa, deixar de escrever com essa assinatura poética. Mas tentarei, juro que tentarei.

Aqui nesse texto, não deveria haver poesia, mas relendo até aqui, ela insiste em ficar escondida, criando imagens poéticas, rimas não propositais. Pois bem, escrevo neste instante sobre meu desafio, e acredito estar perdendo, pois sinto a poesia borbulhar instigante.

Já chega, falarei sobre o dia de domingo, não fui a missa, nem ao culto, não sou religioso, nem católico nem protestante, sou apenas um cego itinerante, buscando uma razão espiritual para tudo que acontece na vida. Meu domingo começou cedo, um café, um pão de queijo, nada extravagante, apenas simples., Passei a manhã lendo, poesia é claro, mas também as notícias, não no jornal de papel, que acredito não ser mais importante. De meu celular acesso o mundo num instante, e tenho as notícias que acho mais interessantes.

No almoço, resolvi me distrair, sair da rotina de almoçar todo domingo em casa, que particularmente acho mais aconchegante, mas enfim, resolvi sair da rotina.

Fomos, eu e minha amada, em um restaurante distante, Bar do Marcinho, esse é o nome, em Macacos, distrito de Nova Lima. É um perto distante, tipicamente mineiro. E como não podia deixar de ser, comemos um delicioso feijão tropeiro, completo.

O prato servido era tão grande, não o prato, mas o conteúdo, com torresmos grandes, linguiça grande e linguiça fina, couve da própria horta do restaurante. Dividimos entre nós, e mesmo assim sobrou bastante. Para acompanhar e ajudar a descer essa mistura mineira, uma jarra de suco de abacaxi com hortelã, geladinho e refrescante.

Poderia ter sido uma tarde exuberante, mas não é que tinha mosquitos borrachudos, picando-me os braços e pernas a todo instante? Como sempre disse que não volto mais por causa deles, mas sempre estou indo, mesmo sabendo que esses mosquitos malditos estarão lá me esperando.

Voltamos para casa, pernas e braços coçando, como pode um mosquito tão pequeno causar um estrago tão grande.

Eis-me aqui, desafiando minha criatividade. E o que vejo é imagem poética e rimas por toda parte. Mas sei que uma hora eu consigo, fazer prosa, sem poesia. Será que isso é possível? ou um faz parte do outro?

Termino aqui, pondo a prova meu instinto poético, escrevendo prosa em forma de verso. Eu não me aguento, preciso descansar a mente, dormir, amanhã é segunda, o trabalho me espera, e eu aqui, tentando fazer prosa, e sendo poético.