Só Pode Ser Pelo Chamado
Nunca me dei com as desventuras.
Há um quê, dentro, que me alavanca sair delas, quando o jogo sinaliza um fim.
Como vindo do recôndito do ser que porto, da mesma origem, da sombra Onisciente, Onipotente, Onipresente, que me revelou nas antigas batalhas.
O afã que induz m'alma levantar em meio aos destroços, das mortandades, com o peito cheio de amargura.
Mesmo assim, sair, continuar querendo vida.
O Sol escaldante da provação, a baba a secar, escorrida face afora
As necessidades feitas por debaixo da roupa
Moribunda.
Cheirando a carniça
Sem banho, inerte em uma cama de hospital.
Apitos de aparelhos, gritos de dor, ouvidos como sirene, de pacientes do setor.
Eu, lá, dentro do corpo inerte.
Não desisti.
Quis viver.
Não tem explicação, depois de mais de onze anos.
Cadeira de rodas, andadores, quedas, e fraturas
Sem contar a languidão das pernas e membros, chamada a dar conta da execução, entoar do destino e do propósito
Arrastando daqui dali, um corpo semovente.
Eu.
Do mesmo jeito.
Como elástico vibrante.
Querendo vida.
Não tem explicação.