A DIVAGAR SOLITÁRIO

 

Perco o olhar e deixo-o a divagar solitário como se fosse um vagabundo e nos meus olhos acolho a saudade com carinho. Inspiro fundo e fico prisioneiro de um ar doce onde sucumbo numa lenta asfixia que me dá prazer. Já vou longe montado no dorso dos meus pensamentos, mas o meu corpo ainda está petrificado numa cadeira de balanço irrequieto. Embalado nos braços reconfortantes de uma melodia, vou sentindo os músculos sonolentos pedindo para adormecerem e hipnotizado pelas emoções que me toldam a alma obrigo-os a ficarem despertos por mais alguns minutos apenas. Porque sei tão bem sentir este balanço nas nuvens ao som desta música enquanto viajo no tempo. Fecho então os olhos sem saber mais como posso resistir ao apelo da escuridão temporária que invade a minha tarde triunfante .Mas deixo apenas um grão de areia por escoar nos meus dedos para que a alma tenha tempo para silenciar as batidas do coração. Que grita por tua presença.

 

 

Nota: Baú do Passado > Escrito em Dezembro 2022