O Fardo da Meritocracia Faminta"
No Brasil, a luta é incessante, é fato,
Pelas portas fechadas, enfrentando o trato.
Nos tratam como animais, como se fosse o destino,
Nosso luto se espalha, adoecemos no caminho.
A inteligência intelectual, ignorada com descaso,
Nos enxergam como encarcerados, num espaço raso.
Quem são eles, onde estão, por que assim agir?
Como se não pertencêssemos ao mesmo porvir?
No Brasil, dizem que a desigualdade não é real,
Mas filhos de barriga cheia dormem em um ideal.
Enquanto meu pai, marmita vazia carregou,
Minha mãe, chorando, com o dilema enfrentou.
E nós, trabalhando, como cravos na horta da vida,
Como escravos da sorte, na lida incontida.
Deus nos protege, é o que pedimos em vão,
Para que o mundo não acabe, sob nossa mão.
A ganância do homem fez com que 1% da sociedade
Vivesse o que deveria ser de 99, é uma realidade.
Tanta pobreza, miséria, tristeza que persiste,
Enquanto poucos se banqueteiam, a maioria resiste.
Vocês, quem são? Para onde vão, a se perguntar,
No fim, todos compartilhamos o mesmo lugar.
Se não queimados, na terra repousarão,
Ossos iguais, e nada daqui levou
Deixando a sua herança da ambição.