Barco da minha vida à deriva.

Tentei ancorar em um porto seguro, mas o vento do sul soprou em favor do mar...

E como eu me lembro... estava no trapiche a tua espera, ansioso por um beijo acalorado seu!!!

E o barco longe, longe me levou...

E eu sôfrego e desesperado... te vi ao longe entre as ondas!!!

Num ato tresloucado, mergulhei e nadei na tua direção, impotente.

Quase sem fôlego retornei à embarcação. Ali mesmo, à deriva, chorei tua perda na imensidão do mar.

Ap retornar ao cais, sentir-me como num carrossel em que as andorinhas vinham a voar e pousar em volta de mim...

oferecendo um belíssimo espetáculo...

Desde o teu inesperado desaparecimento em alto mar, o único espetáculo que vejo são trevas no meu caminho...

E ali, quase fenecendo ao acaso, rolou das minhas faces, lágrimas... Lágrimas de solidão...

E no amanhecer seguinte...

Mais um dia passa vagarosamente, onde cada minuto sem você é uma eternidade.

Quantos caminhos cruzados, histórias mal acabadas...

Pensamentos que vagueiam, tentando decifrar o enigma da solidão que teima em me acompanhar...

E eu nos poucos momentos em que sou dono da minha consciência, penso no nosso amor, intenso e mútuo...

Fechei os olhos... tateei a tua procura... O vazio me amparou...

Nas noites tenebrosas, ventos em açoites e o barco da minha vida à deriva, sem um porto pra repousar...

Passado dias... vejo-me de repente, numa pousada qualquer de beira de estrada, foragido de nossa casa, onde, apesar de mais uma assombrosa madrugada, adormeço acalentado por lembranças felizes ao seu lado.

Desisti dos meus sonhos, eles não existem mais...

Mas, jamais desistirei de te encontrar. O meu amor por ti é que me mantém vivo e me salvará da tormenta.

Deixe-me ficar assim, ao sabor do vento, a favor do mar, velejando sem leme, a esmo, sem destino... sem direção... nessa busca infinita, tentando te encontrar.