Um novo buquê
Eu tava ouvindo Janis e pensei… Esse é o início perfeito para esse outono. Folhas ao vento. Pétalas ao chão. O momento de se ter vazio. Led Zeppelin também seria bom… Já não há mais sentido em manter certas coisas tão minhas se eu já não sou tão eu. Frases soltas. Palavras ao ar. Sopro de novos tempos. É preciso romper as raízes mais profundas e deixar universos inteiros virem ao vácuo do desconhecido. Tem sido doloroso. Esse salto de fé quase definitivo. Despedir-se do que sempre foi conhecido como essência. E mergulhar no vazio de não se reconhecer. Permitir sentir com o coração o que é novo e verdadeiro. Aquilo que faz parte da nova persona, ainda em construção, depois de tantas quedas e renascimentos. Escolhas. Caminhos. Outra de mim de tantas outras. Agora apenas lembranças perfeitas para o tempo de cada uma. Distantes do presente. Difícil despedida. Deixa ir. O ser mais íntimo. Convívio de todas as horas. As certezas e verdades hoje sem sentido. Despedir-se de quem se é para descobrir as infinitas possibilidades de quem se poderá ser. Toda limpeza. Todo despertar. Todo renascer. Fez partir tudo reconhecido como Eu. Não existe mais zona de conforto. Não existe mais essa sou eu. Não existe mais eu sou assim. O mundo meu é inteiramente novo. Um mosaico de tudo desconstruído nos últimos anos. Preciso seguir em frente. Nesse vazio lindo, de árvore desfolhada, e me deixar brotar um novo buquê de flores.
*Si*