Vidraça

Se eu tivesse fechado aquelas portas, no exato momento em que a confiança quebrada rompeu o encanto da ilusão, quantos momentos felizes teria desperdiçado? Evitaria mil males, com certeza. Foi uma escolha óbvia demais. Nem doeu tanto assim. As armadilhas eram tão sedutoras, quentinhas, confortáveis. Eu fechei os olhos para a dor. Abracei possibilidades. Segui em frente. Até despertar para o nada. Nada mais de mim existia! Já tinha me perdido pelas estradas. Autoestima destruída. E olha que eu jurava estar feliz naquele estado. Como machucou uma noite insone de lágrimas! Mas, que delícia encontrar verdades. Tirar os véus. Aqui estou. Melancolia transbordando pelos poros. Ansiedade transpirando pelas entranhas. Descobrindo que sempre há um caminho de luz. Sempre tem sol por trás das nuvens de poeira. Que estrago fiz a mim mesma! Alguns dias são cheios de culpa. Outros tantos de perdão, e compreensão. Já não importa o tanto de lama em que me afundei. Dia após dia vou lavando os pés. Limpando a pele. Agradecendo por cada tombo, e por todas as vezes que curei meus joelhos ralados e meu coração ferido. Ainda tenho sede. Ainda tenho fome. Mas, hoje conquistei paciência para saber esperar o momento perfeito que minha alma será saciada.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 12/09/2023
Código do texto: T7883960
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