Confesso a você, leitor.

Confesso a você, leitor. Eu queria parar de escrever, de verdade, talvez se eu segurasse as palavras, se as trancassem e as jogassem no fundo do abismo escuro da minha insignificante alma, eu enfim teria paz. Mas não! As palavras se proliferam, nascem, transbordam, tudo sobre pulsões não processadas, feridas não perdoadas, hematomas na minha alma.

Quero de verdade sufocar tudo o que eu sinto, mas quem não consegue respirar sou eu, o coração cansado e remendado, os músculos fadigados, - por que eu luto contra eu mesmo? - Leitor! Você que lê meu vazio e observa a angústia da minha alma, me diga, um poeta morto de espírito putrefato poderia ser salvo de si mesmo? Do fedor maldito da morte que ele mesmo cria para si?

Eu acho que me chamar de poeta é alimentar o ego, saciar o ego grande e gordo no canto da sala que me governa e me põe essa máscara que eu, agora, tiro, arranco, me mostro para você, leitor! Vê minha calamidade? Ouve meus gritos para o nada? Eu não sou um poeta, sou a ferida que sangra, sou gemido da pressa, sou o desejo da fera, sou dor de mim mesmo…

Quero anestesiar minha saudade, meus arrependimentos, minhas feridas, quero matar meus demônios… quero amar. Ela levou minha capacidade de amar consigo.

Leitor, falhei novamente em não escrever, eu sofro, eu transpiro, eu respiro pela caneta no papel, aqui eu existo, mas viver sem amar não é viver… Quero me curar