Enfado

Farto de encarar-me no abismo,

barganho sua vicissitude

pela minha ataraxia.

Irromper da inconsequência,

amarrar-me ao caos

e deixar que me ordenes.

Sufocar-me no rubi sôfrego

dessas bochechas

que afloram do juízo.

Farto de jamais satisfazer

a dança encomendada

pelos tambores do peito.

Cala a minha boca, eu imploro.

Pois, calado me martirizo

qual um profeta sem rebanho.

Quando escapares de mim,

verei que nunca houve

algo que nos mantivesse.

E, farto de encarar o possível,

saudarei a eternidade

como quem a compreende.

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 05/09/2023
Reeditado em 05/09/2023
Código do texto: T7878230
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