Enfado
Farto de encarar-me no abismo,
barganho sua vicissitude
pela minha ataraxia.
Irromper da inconsequência,
amarrar-me ao caos
e deixar que me ordenes.
Sufocar-me no rubi sôfrego
dessas bochechas
que afloram do juízo.
Farto de jamais satisfazer
a dança encomendada
pelos tambores do peito.
Cala a minha boca, eu imploro.
Pois, calado me martirizo
qual um profeta sem rebanho.
Quando escapares de mim,
verei que nunca houve
algo que nos mantivesse.
E, farto de encarar o possível,
saudarei a eternidade
como quem a compreende.