Juízo final
Tu olha as fagulhas de fogo lentamente cobrindo o céu. A miséria da fome dos pecadores sufoca os lânguidos pescoços. Não há mais tempo para clamar o perdão. O canto lúgubre ecoa sobre as almas ensurdecidas, e todo ser habita na pele a desgraça avisada. A providência do mestre em breve irradiará enxofre, obscurecendo a firmeza da grama sob o trigo que florescerá a verdade.
Com um medo possesso sobre tua espinha, os galhos das relvas gelam para este inverno queimante, tal qual teu tronco que o sustentou na profanidade abissal. Peça ajuda ou peça a morte, nada supre teu anseio. Aguarde o juízo das dores finais, só resta esconder-se.
Foices e cajados são alicerces aos impuros deste mundo; bastardos que ainda pelejam por esperança. Uma cruz no céu vermelho por um instante aparece nas nuvens. Os raios da última tempestade berram à paz. Oram pastoreiros chorando a glória daquele sofredor traído pela humanidade. Nas suas últimas súplicas, quiça, possuem méritos salvatérios em vossos corações.
E finalmente desce da labareda noturna os olhos do Senhor fitando o universo.