Torneio sem regras

 

É agora ou nunca.

Face a face comigo mesma aguardo docemente o vencedor do torneio estender sua espada sangrenta de vitória.

Sim, eu tenho a minha guerreira favorita, mas receio que ela esteja em desvantagem.

Ouço as súplicas silenciosas e mansas, porém reais.

Não sei como ajudá-la a não ser lhe proporcionando um pouco de paz.

Mas a angústia da batalha, a gravidade de seus ferimentos, possivelmente serão mais fortes.

 

O ar é rarefeito e a mente, atordoada.

A sensação de desolamento faz da estrada prometida, um labirinto sombrio.

O tilintar das espadas é estridente,

me faz desejar não ser expectadora de tantas batalhas.

 

Mas é impossível que eu não as enxergue. Estão dentro de mim.

 

Enxergo, quase sem forças para opinar.

"Vá jovem guerreira, ganhe a vida, ganhe o amor!"

Aqui, sentada, minhas pernas tremem de desesperança.

Enxergo a lâmina afiada da espada adversária, e meus olhos viciados em sua ameaça, mal conseguem se desvincular.

Fascínio! Estão fascinados e com medo. Mas fascinados.

 

Não há juiz, não existem regras.

A plateia ajuda a quem lhe convém, e em sua maioria apoiam o inimigo.

Entretanto as vezes vejo cair no campo arenoso e escuro

uma rosa vermelha ou branca de alguém que diz amar a minha guerreira.

Ela reluz seus olhos ao vê-las, sinto quase que um suspiro de esperança se movendo em seu peito,

mas tão brevemente é chamada de volta pelos golpes do adversário.

 

Horas a fio, eis-me aqui.

Não posso levantar-me do assento,

não posso comer ou beber,

apenas assistir a batalha infindável quase no fim.

Oh não, se for este fim, prefiro que a batalha continue.

 

"Vá, Jovem guerreira! Há jeito para tudo. Menos para a morte."

 

Jéssica S Rosa
Enviado por Jéssica S Rosa em 04/09/2023
Código do texto: T7877945
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