"O vir-a-ser impossível"

Em mim há muito mais do que se possa dizer e o que se pode dizer não diz muito sobre o que há/é. Em mim há o indefinido e o indeterminado, sem que as duas coisas se anulem, como o mistério e a verdade. Em mim há muito mais do que o sim inexprimível de uma caligrafia torta a transpassar angústia, há em mim, também, a serena, terna e delicada amizade e sorriso; o galhofeiro que por definição sou. Como o vazio inexprimível do "não-dizer" e a implosão do nada que em angústia fala; em mim há abismos (sic). E o vazio sorrir quando sou, mas sou quando não há abismo. O movimento dialético, pois, é o ser a desacreditar-se, como que numa ânsia de dizer e logo se desmentir, por pura impotência ante a altiva alteridade "imaginária". Penso que tudo pode ser reduzido a duas verdades, a primeira é de que devemos procurar o ser e a segunda de que devemos anulá-lo para dele não se tornar prisioneiro. Assim, o vir-a-ser é por definição um movimento dialético e, por conseguinte, inalcançável ou "impossível". A verdade e o ser é, em última instância, afirmar-se um ser impotente que se despreza, pois não poder possuir o que se deseja é não poder se tornar para o conseguir. E, assim o sendo, tornar-se é uma ilusão, uma busca pautada em uma forte crença na absoluta potência da vontade, como se desejar fosse sinônimo de ter ou desejar fosse o que te impulsiona a "tornar-se", contudo, "tornar-se" não é nada mais do que "expressar-se" em um nível mais depurado que o de outrora.

Fazendo uma analogia com o que disse Nietzsche em a gaia ciência, que nos acuse de ser ríspido ante o "real por inferência", pois temos o orgulho e a honra de sermos bárbaros no que tange a "epistemologia". É-nos nítido que "a realidade é dada em sua absurdidade"; assim como a língua é morta sem a semântica, o povo é morto sem a sua fonética. Dado que o "som" exprime o inexprimível e trás à representação o seu "Da-sein", que tem com um povo uma relação de dupla condicionalidade. Findando, para além do absurdismo é a contingência que "por contingência" "nos faz 'ser' grandes". Assim, até mesmo a questão do ser é abarcado pelo "acaso". Ao que poderíamos dizer, pelo não-ser e isto implica, mais uma vez, que "o ser não o é".

Darach
Enviado por Darach em 29/08/2023
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