Laço Frouxo
"Éramos nós estreitos nós enquanto tu és laço frouxo." Chico Buarque
Nesse caso estou na contramão do Chico. Os nós me apertaram demais. Eu tinha estreitos nós, amarrada naquilo que eu mesma criei pra mim. Hoje sou ave livre, viajante, sem pouso obrigatório, sem poda, sem nó!
Sou chão de estrada, caminho sinuoso, serra alta, gruta profunda.
Quero laços frouxos, que desatem com um toque de carinho, com afeto, com uma atenção.
Receio os nós que prendem passos, partidas, retornos, idas, voltas.
Recuso os nós que cortam sonhos, viagens, voos e versos.
Rejeito os nós que impedem paixões, tesões, mistérios.
O que me move é a poesia das coisas, as coisas das palavras, as rimas dos tons, os sons das rimas.
O enamorado laço simples de um olhar antigo que ficou no ar.
Quero a delícia das horas vindouras , na antevisão do beijo que arrebata... sem embaraçados nós, sem que haja em nós nada que não seja a vontade do instante... o gozo do momento e a ternura da lembrança.
O único e belo laço do querer estar.