Um Pouco Fraco

O que me resta além de me sentir um pouco fraco?

Vender meu tempo por papel, concreto e aço.

Te olhar com olhos que só enxergam o estilhaço

daquilo que sempre foi incompleto e opaco.

O que faço eu com os ruídos da minha mágoa?

Não há ninguém que possa ouví-los além de mim.

Ensurdecido, escorrego e afogo-me: não em água,

mas na memória irriquieta daquilo que desavim.

Com quais ferramentas devo eu construir a vida

se não com as que foram utilizadas em sua demolição?

Apenas me apontem qualquer caminho de ida

e o seguirei, para afrouxar as cordas no meu coração.

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 23/08/2023
Reeditado em 23/08/2023
Código do texto: T7868842
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