Perséfone

Acendam as luzes! A plateia fica para trás. Subo ao palco. A intervalos esparsos do monólogo, rodopio a saia em suave, estranho, movimento de um balé que nunca aprendi a dançar. Essa é a energia. A força de quem voltou das sombras. Perséfone. Sou dona do meu submundo. Rainha soberana dos meus campos de lavanda. Desço aos infernos das minhas escolhas erradas. Rasgo com unhas afiadas as feridas do tempo, em busca do avesso. Não tenho medo do escuro. Mas, anseio pela luz do sol. Cansada. Sei que há tempo para tudo. Ciclos. Estações. Eu sempre volto! Algumas vezes renasço. Outras floresço. Muitas vezes sou apenas semente depois de atravessar os desertos. Falta ainda treinar a sábia paciência. Compreender o tempo de espera. Quando o limbo envolve corpo e coração. Estagnado. Estar no outro mundo ciente que as escadas me conduzirão de volta ao azul do céu.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 22/08/2023
Código do texto: T7867543
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