"AVOADO"
Fazem já muito tempo que não praticava meu ritual do mês, bem antes de me achar velho e ser chamado de idoso, uma vez por mês subia no terraço e surpreendia meus vizinhos, às vezes com a viola e outras com o violão, não sei tocar para dizer ó como toca este cara, não, sei apenas bater nas cordas e fazer o barulho que acho mais bonito, mas meus vizinhos não se importam e como gostam de mim, até dizem, que bom, estava com saudades, isto sem se importarem com as horas (mais fora de hora) que me dá na veneta de subir, debulhar as cordas e às vezes abrir a goela e cantar alguma moda, geralmente caipira…
Pois esta madrugada à tal insônia me pegou de novo e de repente fui para minha sala, “minha sala é onde fica meu computador e escrevo no Recanto das Letras e meus dez instrumentos de cordas violões de seis, de sete e dez cordas, violas caipira e um cavaquinho, (Soros) xodó dos sambistas de todo o Brasil e não se fabrica mais, este toco não, só tenho”.
Subi à rampa e adentrei no meu recanto mágico e preferido, sentei-me numa velha cadeira de madeira própria para tocar e quando trisquei à viola o sistema de iluminação do Grupo Escolar Umei iluminou um frondoso Ipê amarelo e que surpresa, à árvore estava empencada de flores amarelas este ano vindo mais cedo enfeitar a área da escola.
O que aconteceu, é que: Garrei nas boas lembranças do passado quando o local era uma grande xácara e esqueci da viola, logo ou acho que bons tempos depois vi ao longe o luzeiro da manhã surgindo e resolvi descer desta vez não incomodando os vizinhos, mas acho que breve vou repetir à dose, só espero que não tenha nenhum morador novo para se incomodar ou pior chamar à polícia. Até mais amigos.