CREPÚSCULO DE UM OLHAR (prosa poética)

Entre a soleira e o portão, eis o mar.

Um oceano das lágrimas encobrindo nas suas profundezas

Nossos sentimentos feridos e, na sua superfície, barcos

Zingando por azimutes imprecisos aos rumos tortuosos.

Entre a soleira e o portão, eis momentos mortos;

Nosso extenso jardim sem orvalhos madrigais;

Nem reflexos de lumes da Lua ou brilhos de estrelas;

Sem perfumes de flores ou botões de renascer primaveras.

Entre a soleira e o portão, eis os horizontes

Para a solidão dos nossos sonhos findados;

Perpetuando a escuridão das nossas frustrações;

Concretizando a ausência dos nossos sentimentos.

Entre a soleira e o portão habitarão as nossas despedidas...

Não me posto ou presto a ser um perdido entre palavras.

Não me negarei a ser somente nossos poemas sem métricas.

Não procurarei na justiça soluções, dera salvações, nem dós de perdões.

Não me encharcarei de tolas desesperanças.

Mas, entre a soleira e o portão,

Ao vê-la pisoteando pedras inertes

Do fundo do oceano de nossas lágrimas e frustrações;

Suportarei ver o brilho do último crepúsculo do seu olhar?

Ah!! Prometo-me, todavia, vir a burlar alvoradas

Para continuar sonhando com noites e noites que tivemos

Nas tentativas de eternizar aqueles nossos preciosos momentos;

E entender o porquê de tanta distância entre soleiras e portões.

Arabutã Campos
Enviado por Arabutã Campos em 15/08/2023
Código do texto: T7862287
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