Infinito

Ando muito poluída para sentir as sutilezas do dia a dia. Palavras doces não me seduzem. Há uma fúria calada. Dentro. Aqui dentro. Sei em que preciso trabalhar. Mas, tem esse cansaço entorpecendo o encanto do olhar. Com o piloto automático ligado na potência máxima é quase impossível enxergar além dos céus. A vida fica rasa. Uma existência de sobrevivência. Um alimento insosso. Uma nutrição falha. Uma sede infinita. E essa saudade de… Sei lá!

O que eu faço com toda essa impaciência? Como organizo todo esse caos que mora pelo avesso? A preguiça recomenda que dormir é o melhor remédio. Então, são escancaradas as portas do inconsciente. Os sonhos não me deixam descansar. Ao contrário, me contam tudo que está em desordem. Imagens estranhas, às vezes embaçadas. Tantas vezes escuras. As águas represadas. Tem tanta sujeira que varri para debaixo do tapete! Tanta coisinha que supus poder esconder de mim. Quanta ilusão!

Só tem um pequeno detalhe… Há tempos aprendi a força da palavra determinação. Eu não desisto. Vou a nocaute. Mergulho no fundo mais fundo do poço. Abraço o caos com toda a cólera. Sou uma estranha. Não me reconheço. Logo depois eu respiro o ar fresco além da caverna. Tomo fôlego. Reconstruo minhas entranhas. Costuro os cortes internos. Faço uma reverência. Saúdo minha nova persona. Celebro essa nova versão. Visto aquela saia cor de rosa que eu amo tanto. Sou outra e ainda a mesma. Pronta a fluir pelo tempo infinito…

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 12/08/2023
Código do texto: T7859839
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