Quem sabe na próxima.

Aqui de novo, uma outra vez.

O acaso insiste em ser uma força imaginária que não dá oportunidade de resposta nem tempo de reflexo

Outra vez, uma boa nova, um bom e velho, um tchau.

Mais uma vez outro tchau não pôde ficar guardado, de outra pessoa que não podia ficar e foi embora.

Não é questão de paixão, até porque minhas mãos continuam ficando suadas.

Mesmo sem o calor de outras mãos...

Com essa minha sorte de estar sempre fora de compasso, fora de sincronia, fora de proporção, já devem ter sido umas 24.

Um número com certeza poético pra algumas outras coisas, mas pra dores já deve ser demais.

(Talvez 25 seja a sorte)

Só espero que não se lembrem de mim. Que eu vire alguma parte abstrata de algum passado longe.

Por gentileza, da próxima, queria demais uma oportunidade pra estar um pouquinho mais.

Por gentileza, se doer de novo, que não doa tanto ao ponto de morrer.

Dá medo o frio do escuro.

O tanto que doeu agora já tá bem em ordem.

E, agora, se você, sim, você, quiser um amor:

Fica comigo.

Talvez minha felicidade ganhe seu nome e provavelmente você não vai conhecer minha mãe.

Talvez ouçamos juntos uma música ou outra, leiamos em paralelo um livro em comum por um mês ou outro.

Talvez você conheça meus gatos.

Mas não vai ser dessa vez que o amor vai te chegar.

Provavelmente ele vai bater numa outra porta da sua vida, distante o suficiente pra que eu não ouça.

Talvez ele te chame num futuro seu que não chegou ainda, e que não tem meu nome na lista de presença.

Pode ter certeza de que ele vem. Muito provavelmente depois de mim.

Ou talvez, se já houver pra ti um amor agora, pensa em mim daqui uns três anos.

Talvez seu amor acabe e deixe um horizonte de eventos com sua caminhada triste e lenta de partida.

Talvez você me encontre, já longe o suficiente pra não sentir cheiro das antigas presenças, mas perto o suficiente pra que meu eco se perca nos rios cicatrizados do seu coração.

Quando chegar nesse ponto de conformação, pode ir embora. Seu amor estará na próxima vez.

Nunca comigo, com meu nome, ou meu endereço.

A chuva vai lavar tudo mais uma vez.

Crispim Brancatti
Enviado por Crispim Brancatti em 11/08/2023
Código do texto: T7858737
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