A complexidade de um prisioneiro
Percebi que a complexidade humana era um fardo quando me vi cativeiro de sentimentos intensos os quais não busquei, enquanto as cotovias ao meu redor se lembravam apenas de bicar sementes.
E nós, estúpidos que somos, chamamos de evolução a condição de ter tantas coisas para pensar e sentir.
Chamamos de superioridade viver para alimentar nossa própria miséria.
Veja... Um pássaro não é assassino. Se mata é única e exclusivamente por autodefesa.
Uma flor não tem a ira nem a avareza humana, muito menos a vaidade. Ela se concentra em captar a luz do sol e a água da terra, somente isso lhe basta.
São puros, seres felizes, a verdadeira expressão divina.
Mas nós...
Mas, eu...
Transito mediante sonhos e pesadelos.
Desejo tantas coisas, em sua maioria, inacessíveis ao "agora".
E me vejo prisioneira toda vez em que sinto minha alma vislumbrando horizontes os quais estão longe de mim.
Toda vez em que me entristeço pela empatia que sinto por quem me cerca.
Estou presa ao mundo, às outras pessoas, às ações deste conjunto heterogêneo que não entra em consenso de modo algum.
Vivendo o fardo de depender de sentidos para me mover, quando a única coisa que deveria bastar-me são àquelas mais simples da vida.