Escudos

Que sementinha do mal eu plantei pra colher tanta hostilidade? O que eu tenho entregue ao universo pra receber tanta pedrada? Não tô me fazendo de vítima, não! É um questionamento sincero, como tantos outros ainda sem resposta. Sei da minha falta de habilidade para amar. E penso que minha vocação para trouxa não seria justificativa suficiente. No raso, tenho trabalhado para ser uma pessoa melhor, espalhar coisas boas, levar meu melhor sorriso por onde vou. No fundo existe a sombra, o limbo onde moram incertezas, dúvidas e muita busca. É preciso trazer à luz para curar. É preciso iluminar para mudar. A jornada do autoconhecimento é longa, cheia de curvas. A cura é um processo doído. Nem pense que me faço de perfeitinha! Sou ácida, irônica, uma pessoa cheia de espinhos. Talvez minha baixa autoestima. Quem sabe meus descuidos pessoais que não transparecem meus limites. Sei lá até onde meu excesso de defesa pode me fazer passar mais tempo no ataque. De verdade, ainda não compreendo minhas ressonâncias. Que tanto emano para atrair desamor, agressividade? Mas, eu não desisto fácil. Na minha estrada torta eu sigo tentando fazer o bem. A maturidade me fez compreender que há muita auto responsabilidade, mas também há muito sobre o outro. Nada adianta enfeitar o caminho de flores se quem passa carrega dores desconhecidas. Talvez um dia eu descubra a sementinha podre enterrada no meu jardim. Quem sabe um dia encontre alguém que me estenda a mão, e olhe para os meus escudos com mais generosidade. Por hoje, só por hoje, eu escolho o amor, por mais difícil que seja para essa alma cansada que ainda não aprendeu a amar…

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 08/08/2023
Código do texto: T7856284
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